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PiTacO do PapO - 'Bergman : 100 Anos' | 2018

NOTA 10

Por Rogério Machado

"A câmera é um instrumento fenomenal para captar a alma humana.."  Disse Bergman em uma de muitas das entrevistas selecionadas para o documentário 'Bergman : 100 Anos', que estreia nessa quinta nos cinemas brasileiros. Dirigido pela cineasta Jane Magnusson ('Invadindo Bergman' - 2013, pelo jeito a diretora é aficionada no mestre, não?) o  filme foca no ano de 1957, tido como um dos anos emblemáticos da lenda do cinema europeu.

O documentário é uma grande homenagem ao diretor sueco Ingmar Bergman, no ano de seu centésimo aniversário. O cineasta é reconhecido até hoje como um dos precursores do cinema moderno, ele dirigiu e roteirizou obras clássicas como 'Persona' (1966) e Gritos e Sussurros (1972). E em 1957 trabalhou incansavelmente e produziu duas das suas maiores obras primas: 'O Sétimo Selo' e 'Morango Silvestres', cada um com características muito próprias, mas com muito a dizer sobre esse homem. Além de dirigir, Bergman lançou algumas autobiografias (tidas como não confiáveis, inclusive) e também dominou no teatro, tendo levado cerca de 126 espetáculos aos palcos. Fez Shakespeare, Ibsen, Tchekov, Schiller, Molière, Brecht, Tennessee Williams e, sobretudo, o dramaturgo sueco August Strindberg, por quem sentia uma particular afinidade.


Em 1957, Ingmar Bergman tinha 39 anos, seis filhos de três mulheres diferentes e uma dor de estômago constante, fruto de uma úlcera que, literalmente, lhe roubava o sono. Mas ele não tinha tempo para se preocupar com isso. Seu trabalho era sempre a prioridade. Acima da família, dos amigos, e até das mulheres que conquistava. Ele não se permitia a parar e sempre emendava um trabalho no outro, como se sua arte servisse de válvula de escape para fugir da vida real - sua vida era o cinema e tudo que ele pôde viver, foi dentro dele. 

Além de entrevistas do cineasta tanto jovem quanto maduro, o filme destaca o depoimento de pessoas próximas e admiradores. As mulheres, obviamente, têm destaque. Como não poderia deixar de ser, Liv Ullman tem forte presença – chega a chorar discretamente durante o depoimento. E há ainda estrelas – Lars von Trier, Barbra Streisand, Holly Hunter – que não fazem mais do que falar o óbvio, destacando a intensa admiração por ele. Mas não se trata só de alegria,  a produção retrata os momentos tensos e as mágoas deixadas por quem trabalhou com esse gênio inquieto e temperamental. Geralmente intragável, cheio de manias e enérgico.  O documentário revela esse lado do cineasta até com muito bom humor - grande sacada da direção. 

Ao fim da sessão, pude comprovar que todo gênio tem um pouco de loucura. Mas, acima de todo trauma, memórias boas e ruins, ninguém nega que tudo de bom ou ruim ajudou a construir a carreira desse ícone que até hoje influencia a carreira de milhares de profissionais no ramo.

Super Vale Ver!

DIREÇÃO

  • Jane Magnusson

EQUIPE TÉCNICA

Produção: Cecilia Nessen, Fredrik Heinig, Mattias Nohborg
Fotografia: Emil Klang
Trilha Sonora: Jonas Beckman, Lars Kumlin
Estúdio: B-Reel Films
Montador: Hanna Lejonqvist, Kalle Lindberg, Orvar Anklew
Distribuidora: Imovision

ELENCO

Barbra Streisand, Elliott Gould, Jane Magnusson, Lars von Trier, Lena Endre, Liv Ullmann, Thorsten Flinck

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