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PiTacO do PapO - 'A Noite Devorou o Mundo' | 2018

NOTA 7.8

Por Rogério Machado


Cinema nada mais é do que interpretação. As possibilidades de olhares em uma mesma história são muitas, e esse é o grande barato da sétima arte. Encarando dessa forma (afinal para o bom cinéfilo não haveria outra) algumas tramas ganham proporções bem maiores do que uma tela pode caber. Assim é 'A Noite Devorou o Mundo', que foi destaque no Festival Varilux e agora chega em circuito comercial no Brasil. Por cima, o filme é apenas mais um filme de zumbi, mas lá no íntimo, os zumbis servem mesmo com uma alegoria para se aprofundar nas motivações íntimas de seu protagonista. 


No longa, Sam (Anders Danielsen Lie) é um escritor de 36 anos, com um jeito solitário e anti-social. Uma noite, para recolher uns objetos pessoais (acredito eu que por conta de uma relação que havia acabo recentemente) ele vai até ao apartamento de Fanny, mas chegando lá uma festa está em pleno andamento e ela já com o que parece um novo namorado. Porém, após falhar em sua tentativa de conversar e reconquistar Fanny, ele adormece sozinho numa sala isolada. Na parte da manhã, o apartamento está vazio e as ruas repletas de zumbis.

O filme que é baseado no livro de Pit Agarmen, apresenta um personagem, Sam, que aparenta uma fragilidade muito grande, como se estivesse sem defesas por conta de acontecimentos recentes que ele não tinha mais o poder de controlar. Diante do apocalipse zumbi que aconteceu enquanto ele dormia e aparentemente só ele não havia sido afetado, ele teria a oportunidade de, não só testar sua sanidade, como também sua resistência, e então retomar o controle de sua vida. Ter controle no meio do caos... parece ironia, mas é dessa forma que a narrativa falou comigo: são episódios extremos que exigem de nós o controle que negamos ter uma vida inteira. 

Nessa jornada de redenção, depois de crises de carência que o fazem correr riscos, como por exemplo ir atrás de um gato em meio aos caminhantes  ou até manter um deles preso no apartamento só pra ter alguém com quem conversar,  Sam então perceberá que não está sozinho, e isso passa a ser mais um gás para ele sair de vez de sua zona de conforto. A ocasião de um apocalipse zumbi é mais um artifício para nosso herói colocar as mangas para fora e metralhar a sociedade em que viveu, do que um genuíno exemplar da fantasia apocalíptica. 

Você que é fã de 'Walking Dead' ou jogador de 'Resident Evil' e 'Last of Us', pode achar o mesmo que eu, que muitos dos temas propostos já apareceram como alegorias mais implícitas há muito tempo. Mas essa não deixa de ser mais uma abordagem interessante sobre o tema. Que não chega a ser tão genial, mas que tem lá seus bons momentos. 


Vale Ver !

DIREÇÃO

  • Dominique Rocher

EQUIPE TÉCNICA

Roteiro: Dominique Rocher, Guillaume Lemans, Jérémie Guez, Pit Agarmen
Produção: Carole Scotta
Fotografia: Jordane Chouzenoux
Trilha Sonora: David Gubitsch
Estúdio: Canal+, Ciné+, Haut et Court, What the Film
Montador: Isabelle Manquillet
Distribuidora: Califórnia Filmes

ELENCO

Anders Danielsen Lie, Choukri Essadi, Clémence Chatagnon, David Kammenos, Déborah Marique, Denis Lavant, Fabien Houssaye, Golshifteh Farahani, Jean-Louis Priou, Jean-Yves Cylly, Léo Poulet, Lina-Rose Djedje, Marie-Thérèse Priou, Mathieu Musualu, Nancy Murillo, Sigrid Bouaziz, Tess Osscini Boudebesse Bejjani, Victor Van Der Woerd

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